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Se despede do Brasil, dia 22 de dezembro, o intercambista colombiano que frequentou o segundo semestre de 2016 no curso interinstitucional de Engenharia Agrícola da Universidade Federal do Pampa e Instituto Federal Farroupilha – ambos em Alegrete. O aluno veio para Alegrete através do Programa Bracol – Brasil/Colômbia, da Universidade Federal do Pampa.

O programa Bracol tem o intuito de fortalecer a internacionalização da atividade acadêmica, com o significado de abrir a instituição para aproximar as pessoas da ciência, fortalecer o intercâmbio bilateral e propiciar aos estudantes a oportunidade de acesso ás culturas estrangeiras, promovendo a integração entre Brasil e Colômbia.

Heider Andres Rojas veio da cidade de Neiva, capital do Departamento de Huila, na Colômbia, onde estuda Engenharia Agrícola, na Universidad Surcolombiana. Durante sua estada, o estudante cursou algumas disciplinas na Unipampa e no IF Farroupilha, tendo oportunidade de participar de aulas teóricas e práticas.

Segue a entrevista realizada pelo Coordenador do curso de Engenharia Agrícola do IF Farroupilha – Campus Alegrete, Professor Edenir Grimm, com o estudante Heider Rojas:

Edenir: Como surgiu o interesse em vir para o curso de Engenharia Agrícola, em Alegrete?

Heider: Me interessei em vir para o Brasil porque compartilhamos dessa base da economia, no que diz respeito à produção agrícola. O Brasil é mais desenvolvido na parte de produção e para mim, como profissional, isso chamou a atenção. De qualquer forma, a diversidade e a cultura que tem o país foi muito atrativo quando recebi o chamado e me motivou muito a sair do meu país, conhecer outras pessoas, outras culturas, outras comidas, outra forma de ensinar. Me pareceu muito interessante a parte da Unipampa, como universidade, ter um convênio, como chamam aqui, uma parceria, com o Instituto Federal, fazendo um programa muito forte que, realmente, eu queria vir conhecer.

Edenir: O que você leva para a Colômbia desse intercâmbio?

Heider: Essa é uma boa pergunta. A resposta pode ser bem ampla, mas vamos tratar de fazer uma resposta interessante. Eu cheguei aqui no Brasil sem conhecer muito sobre o idioma. Fui um pouco aventureiro em vir e chegar aqui, além da viagem ser muito longa, durou em torno de um dia e meio da minha cidade até chegar em Alegrete. Foi muito interessante encontrar pessoas que se converteram, em pouco tempo, como minha família. Estavam sempre perguntando “o que tu precisa?”, “posso ajudar?”, “se não tiver dinheiro para comer é só me avisar”, “pode ir na minha casa se quiser”, “o que tu precise pode chamar”, pessoas muito amáveis. O que vou contar de Alegrete é que é uma cidade muito tranquila de viver, as pessoas são muito queridas, existe essa cortesia de cumprimentar sempre – uma coisa que me chamou muito a atenção – desejar ‘bom dia’, ‘boa tarde’, ‘boa noite’ sem se importar se conheço ou não a pessoa. Na parte acadêmica, foi interessante porque – mesmo que a Unipampa tenha professores estrangeiros que falam espanhol de alguma forma, mas não consegui cursar nenhuma disciplina com eles -  então o retorno é grande porque eu fiz minhas disciplinas com professores nativos daqui do Brasil e, a princípio, era uma questão onde eles conseguiram entender que eu entendia só quando eles falavam devagar. Aí eles fizeram seu trabalho sem causar nenhum prejuízo aos demais estudantes e, com total certeza, que eu consegui assimilar todos os conhecimentos que transmitiram para mim. Pessoas muito queridas e com muito conhecimento que, na verdade, é pouco tempo para poder aproveitar todo esse potencial, mas também é tempo suficiente para saber que são pessoas que, em algum momento em minha vida profissional vou poder contar com eles. E assim, interessante também que, por exemplo, os coordenadores do curso estavam muito dispostos a me ajudar nas questões referentes ao meio acadêmico, ao intercâmbio. Se eu precisava alguma orientação referente a uma disciplina, era só vir e falar com eles que não havia nenhum problema. Foi muito interessante.

Edenir: Através desse programa da Unipampa, há possibilidade de alunos brasileiros irem para a Colômbia. O que você diria para estes estudantes que tem interesse de ir para a Colômbia? O que você recomendaria para eles?

Heider: Antes de tudo, que nos países da América do Sul somos todos irmãos, compartilhamos uma parte das fronteiras. É muito importante, pois as pessoas aqui no Brasil não conhecem muito do meu país, que é a Colômbia, tem uma visão muito geral, sabe? Colômbia, realmente, tem uma diversidade cultural muito grande, semelhante ao que tem aqui no Brasil. As pessoas são muito queridas e, referente à parte acadêmica, tem universidades públicas que, digamos, que no Brasil, em contrapartida, as universidades federais são de alta qualidade, com professores que estão desenvolvendo pesquisas muito interessantes, mas os estudantes, independente da profissão que vão ter, ciências sociais ou exatas, ou línguas, independente disso, vão encontrar apoio na Colômbia, vão se sentir como em casa. E é muito importante para nós compartilhar um pouco mais da cultura do Brasil e vamos poder conhecer um pouco mais. Vão viajando e escutando as histórias que vocês vão levar para contar, porque o Brasil é muito grande e, talvez, pode se passar a vida inteira e não vão conseguir conhecer todo. Então, estão cordialmente convidados para que aproveitem a oportunidade que surja de ir para a Colômbia pelo intercâmbio. Sei que não vão se arrepender. Vão passar muito bem, serão bem recebidos e bem tratados e vão ter uma outra visão da Colômbia, com certeza, como eu vou voltar com outra visão do que eu pensava que era o Brasil, do que realmente é o Brasil.

Edenir: Da sua visão sobre o Brasil, como era? Mudou ou continuou a mesma? O que você achou dessa estada aqui no Brasil nesses quatro meses que você passou por aqui?

Heider: Para responder essa pergunta, tenho que falar com muita sinceridade. O que eu conhecia do Brasil era muito superficial. O que os colombianos viam do Brasil era um pouco dessa diversidade que tem, mas também que tem muita festa, assim, o Carnaval e conhecemos um pouco mais das cidades turísticas. Talvez não tenham a oportunidade de conhecer o Estado do Rio Grande e me dar conta de que nesse Estado existe, creio, não sei se posso acreditar que, aqui tem a maior diversidade de todo o Brasil e, digamos, que eu volto para a Colômbia, com certeza, falando bem das pessoas, que são atenciosas, que estão prontas para ajudar, respeitosas, que são coisas que, por mais que se pesquise, busque na internet, não vai conseguir achar. Tem que vivenciar. A única forma de poder falar com propriedade, é vivenciando. E estar aqui me permitiu isso. E também que são pessoas muito alegres, sabe? Talvez sobre a festa não era tão errado, mas são pessoas muito responsáveis também, não só essa parte assim. Creio que é só o que posso dizer sobre o que eu pensava e o que penso agora do Brasil.

Ao terminar a entrevista, o professor Edenir Grimm agradeceu a presença do colombiano, desejou um bom retorno e sucesso na sua vida profissional.

Heider finalizou a fala agradecendo em português por toda a atenção, pelos ensinamentos, pelo acolhimento, por todos terem lhe tratado como uma pessoa da família e diz que, agora, tem uma grande família, com muitas pessoas que conheceu no Brasil. Agradece também às pessoas que possam vir a escutar ou ler a sua entrevista e encerra: “como dizemos na Colômbia: desculpa la molestia (desculpa por qualquer coisa)”. 

  

Publicado em Notícias Alegrete

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  • 15/12/16
  • 13h33
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