Dia Nacional do Bioma Pampa
O Dia Nacional do bioma Pampa é comemorado em 17 de dezembro, a data é uma homenagem ao nascimento do ambientalista José Antônio Lutzenberger.
Reconhecido oficialmente como bioma apenas em 2004, o mesmo ainda aguarda a patrimonialização de seu território junto a Constituição Federal (PEC nº 005/2009).
Entre os biomas brasileiros, o Pampa compreende 176.496 Km² (63%) do território do Rio Grande do Sul e estende-se ao sul e a oeste da República Oriental do Uruguai e nas províncias argentinas de Corrientes, Entre Rios, Santa Fé, Córdoba, Buenos Aires e La Pampa.
Apesar da rica biodiversidade reconhecida, este bioma foi negligenciado por muito tempo, ocasionando uma perda progressiva da sua biodiversidade, restando dele apenas 36,03% da sua vegetação natural. Outro dado bastante preocupante é a pequena representatividade de áreas naturais protegidas no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), apenas 3,3% da sua vegetação encontram-se protegidas, 2,4% em unidades de conservação de uso sustentável e 0,9% em unidades de conservação de proteção integral.
A conversão indiscriminada dos campos para outros usos, como a exemplo da agricultura, mesmo em regiões impróprias para estas culturas, reflete um contexto econômico-cultural que não tem sido capaz de incorporar a variável ambiental nas iniciativas de desenvolvimento. Além disto, a falta de reconhecimento e valorização dos campos como ecossistemas com especificidades ambientais e socioculturais locais, o desrespeito às normas ambientais e a falta de políticas públicas que priorizem a conservação e uso sustentável destas formações vegetais têm contribuído para a perda de vegetação natural deste bioma.
Infelizmente, a estratégia de proteção mediante a criação de unidades de conservação tem sido pouco utilizada e merece prioridade no bioma Pampa, outra estratégia que merece atenção é a identidade regional construída sobre os campos nativos do Rio Grande do Sul, bem como a atividade econômica a ele associada (gaúcho e campo nativo), que pode ser aplicada como ferramenta adicional aos esforços para a conservação desta paisagem única.
A própria patrimonialização deste bioma é uma medida imprescindível na sua conservação, pois, coloca o Pampa num patamar favorável de reconhecimento e de qualificação internacional, alcançando um nível de proteção mais satisfatório não só para a natureza, mas, acima de tudo, para a salvaguarda das pessoas, tradições e cultura.
Portanto, é importante ressaltar que instituições públicas, principalmente aquelas residentes em território Pampeano, possuem papel valioso na criação de agendas com iniciativas a conservação deste bioma. A difusão do conhecimento e a valorização dos atributos ecológicos, socioeconômicos e culturais do Pampa para o conjunto da sociedade, são passos consideráveis rumo ao pertencimento, pois, aquele que pertence cuida, protege, respeita e possui gratidão pelo lugar que habita.
Prof.ª Dr.ª Ana Claudia Bentancor Araujo
Coordenadora do Grupo de Pesquisa Silvicultura e Ecologia de Florestas do Bioma Pampa
Área do IFFar - Campus Alegrete [Bioma Pampa] - Foto: Cristian Costa
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