Professora do IFFar apresenta resultado de pesquisa sobre o ensino da Literatura Portuguesa em Congresso no Pará
Entre os dias 05 a 08 de novembro a professora Tatiana Prevedello participou, na Universidade Federal do Pará, em Belém, do XXVII Congresso Internacional da Associação de Professores Brasileiro de Literatura Portuguesa, no qual apresentou os resultados do projeto de pesquisa “Literatura e ensino: tradição, memória e história”, desenvolvido no Instituto Federal Farroupilha, Campus São Borja, juntamente com os bolsistas Carla Hoefling Neves, José Raian da Silva, Igor Flores da Silva (2017-2018) e Adalberto Lunardi e Amanda Janner Marques (2018-2019), do curso Técnico Integrado em Informática.
A pesquisa de caráter exploratório quali-quantitativo, iniciada em 2017, investigou, junto aos professores de Letras, que exercem suas atividades nos Institutos Federais de Ciência, Tecnologia e Educação, no estado do Rio Grande do Sul - Instituto Federal do Rio Grande do Sul – IFRS, Instituto Federal Sul-Rio-Grandense – IFSul, e Instituto Federal Farroupilha - IFFar -, como estes profissionais articulam o ensino de Literatura Portuguesa, mediado pelo livro didático e, de que maneira, a tradição histórica da disciplina dialoga com questões como a formação do cânone nacional.
A coleta de dados foi feita por intermédio da aplicação de um questionário eletrônico, constituído de perguntas objetivas e discursivas, o qual apresentou o propósito de realizar um levantamento referente às metodologias de ensino adotadas pelos docentes, a fim de verificar como os profissionais das Letras se posicionam diante de um panorama histórico-social que, progressivamente, busca minimizar a importância da Literatura Portuguesa.
Quando questionados se consideram importante as projeções da Literatura Portuguesa sobre a Literatura Brasileira 66,7% dos docentes responderam “sim”, justificando ser necessário contextualizar o ensino de Literatura e, para isso, é preciso ir além da Literatura Brasileira, além de ser importante para os alunos compreenderem melhor a Literatura Nacional, tal como observou-se no seguinte posicionamento de um professor entrevistado: “A Literatura Portuguesa é muito variada e originou algumas das formas de pensamento que perduram até hoje, como a tradição de amor sublime/platônico e do amor carnal, expresso nas cantigas medievais e presente no cotidiano por meio de letras de músicas, por exemplo. Cânones da Literatura Brasileira e Portuguesa que são retomados em processos de intertextualidade, escritores portugueses que deram início à literatura brasileira, leitmotivs recorrentes constituem razões para que, sempre que possível, a literatura portuguesa seja estudada juntamente com a brasileira.” Foram, também, destacados elementos como a tradição relacionada à língua e contexto histórico: “Nas minhas aulas de literatura, o contexto histórico-social tem grande importância no sentido de fazer o aluno compreender o motivo de tais posturas em determinadas correntes literárias, mas o principal foco é perceber como se deu a literatura dita brasileira. A europeia e, principalmente, a portuguesa têm certo peso nos primórdios, onde apresento as razões daquela literatura não ser considerada brasileira, mas algo importado da Europa”, destaca outro professor participante da pesquisa. Enquanto isso 33,3% afirmaram que as projeções da Literatura Portuguesa não são importantes para a Literatura Brasileira em virtude fatores como a falta de tempo para ver as duas literaturas; o fato de, nos últimos cem anos, a Literatura Brasileira ter influenciado mais a literatura portuguesa do que o contrário; o Brasil ter uma história de desdobramentos identitários em constante conflito com referenciação à Europa.
Ao serem questionados sobre se há relevância em mencionar a Literatura Portuguesa no contexto das aulas, considerando que a disciplina ministrada pelos docentes é Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, 56,4% consideram ser importante, em virtude das condições históricas que envolveram a formação da Língua Portuguesa e as relações de identidade que pairam sobre a formação literária em ambos países; 15,4% não acreditam na relevância do nome da disciplina ao contexto de suas aulas, como atesta este professor: “Não, pois acredito que as possibilidades de estudos literários não devam estar condicionadas à escolas normativas e à nacionalidade dos autores.”; 12,8% consideram parcialmente relevante; e outros 15,4% posicionam-se de outra forma, como o respectivo professor: “Tenho dois períodos semanais de literatura. Não abordo a literatura portuguesa porque, dentro deste curto tempo, prefiro trabalhar a interpretação de textos em lugar de lista de livros e autores”.
Nessa perspectiva, percebe-se claramente que a quase invisibilidade da Literatura Portuguesa no Ensino Médio, nos dias atuais, é o resultado de uma construção sócio-histórica que tem suas raízes amalgamadas em um notável projeto de apagamento da cultura lusitana, o qual foi sendo gradativamente consolidado por intermédio de posições político-ideológicas que praticamente resultaram na supressão da disciplina de Literatura, a qual, gradativamente, vem sendo sublimada pela sua incorporação à Língua Portuguesa.
Assessoria de Comunicação, com informações da Prof. Tatiana Prevedello
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