Seminário apresenta diagnóstico de Acesso, Permanência e Êxito na Rede Federal

^{Foto: a coordenadora da Rede APE e ex-reitora do IFFar, Carla Jardim, apresentou diagnóstico de APE nos IFs e escolas técnicas federais da região sul}

O objetivo do Ciclo de Seminários da Rede APE é apresentar resultados de investigação, análise e desenvolvimento de iniciativas voltadas ao fortalecimento do Acesso, Permanência e Êxito (APE) de estudantes na Rede Federal. Durante os eventos, o público também discute e propõe ações para integrar o futuro Plano Nacional de APE (PNAPE).

Estão sendo realizadas etapas presenciais e remotas nas cinco regiões brasileiras. A quarta etapa ocorre na Região Sul e é sediada pelo Instituto Federal do Paraná (IFPR) em Curitiba, nos dias 26 e 27 de novembro. Em dezembro, a etapa da região Centro Oeste encerra o 1º ciclo de seminários.

O evento é promovido pelo Projeto Rede APE, uma iniciativa estratégica da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec/MEC), desenvolvida pelo IFFar em colaboração com as demais instituições que compõem a Rede Federal.

O coordenador geral de Projetos e Supervisão da Rede Federal da Setec, Pierry Teza, explicou que os seminários compõem uma parte muito importante do processo desenvolvido pela Rede APE. “Além de poder conhecer uma parte do diagnóstico das ações de APE na Rede Federal e das experiências exitosas desenvolvidas pelas instituições, uma parte importante do evento é a construção conjunta das estratégias do PNAPE”, explicou.

Pierry Teza também destacou a responsabilidade da Rede Federal na garantia de ingresso, permanência e êxito dos estudantes. “É responsabilidade de toda a Rede Federal construir ambientes que assegurem não apenas a continuidade dos estudos, mas o desenvolvimento integral de cada estudante, com suporte acadêmico, emocional, social e institucional”.

A programação do evento se estende pelas manhãs e tardes dos dias 26 e 27 de novembro e pode ser acompanhada ao vivo pelo canal da WebTV do IFFar no Youtube. Confira a programação completa.

Programação inclui apresentação de diagnóstico de ações de APE e plenária final com estratégias para o PNAPE

A programação do seminário começou com a apresentação do diagnóstico sobre Acesso, Permanência e Êxito na Rede Federal. De acordo com a coordenadora da Rede APE e ex-reitora do IFFar, professora Carla Jardim, este já é o primeiro produto elaborado pelo projeto e abrangeu 100% das instituições que compõem a Rede Federal.

Também faz parte da programação uma apresentação sobre o Pé-de-meia, que “tem sido a principal política de permanência do país”, de acordo com Carla Jardim. Ainda na tarde do dia 26, ocorrem as apresentações de experiências exitosas, em que seis instituições compartilham iniciativas, projetos, ações e programas relacionados a APE.

O dia 27 é dedicado à construção coletiva e colaborativa do PNAPE. Primeiro são trabalhadas questões gerais sobre o Plano e depois são feitas discussões entre grupos menores. Ao final do evento, a partir das 16h20, é realizada uma plenária de encerramento para a divulgação das estratégias propostas.

Diagnóstico incluiu informações qualitativas e quantitativas com todas as instituições da Rede Federal

Carla Jardim explicou que o diagnóstico elaborado pela Rede APE envolveu duas frentes de trabalho: uma quantitativa, que utilizou como base dados da Plataforma Nilo Peçanha (PNP); e outra qualitativa, que teve como base diálogos realizados com servidores e análise de documentos institucionais de todas as instituições da Rede Federal.

Todos os dados apresentados referem-se aos seis IFs da região sul e às duas escolas técnicas vinculadas à UFSM. Os dados quantitativos referem-se ao período de 2017 a 2025. Confira abaixo alguns destaques:

Planos de APE nas instituições

• 75% das instituições possuem planos ou orientações específicas de APE, incluindo o IFFar. São documentos de planejamento e ferramentas metodológicas institucionais e resultado de processos de reflexão e trabalho participativo e coletivo;
• O acesso é menos presente em documentos mais antigos. Documentos mais recentes apontam uma visão mais ampla, evidenciando que o acesso transcende o ingresso na instituição;
• Destacam que a expansão e interiorização da Rede Federal ampliaram o acesso à educação profissional;
• A permanência é a categoria com maior incidência nos documentos e refere-se a manutenção do vínculo do estudante, articulada à garantia de condições que assegurem a continuidade dos estudos;
• Nestes documentos, o êxito refere-se à conclusão dos cursos com formação integral (formação cidadã e inclusão sócio-profissional) e faz referência a taxas de evasão, conclusão e índice de eficiência acadêmica;
• As instituições estão atualizando seus documentos nos últimos anos;
• Os documentos estabelecem que as ações de APE são compromisso de todos os servidores.

Indicadores Quantitativos

• Indicadores de acesso: inscritos por número de vaga e ingressantes por número de vaga
  • Inscritos por vaga: média anual de164 mil para 44 mil vagas (3,7 vezes). 27% dos inscritos têm possibilidade de conseguir vagas.
  • Ingressante por vaga: apesar do número de inscritos, as vagas oferecidas não são totalmente ocupadas. O índice de preenchimento é de 91,5%, sendo maior para cursos de bacharelado e cursos técnicos.
• Indicadores de permanência: taxa de evasão e taxa de retenção
  • Taxa de evasão: média: 15,6%. Em 2024, foi de 16,5%. A média da Rede Federal foi de 14,5%.
  • Taxa de retenção: 16%.
• Indicadores de êxito: índice de eficiência acadêmica
  • Índice de Eficiência Acadêmica: 44,3%. Em 2024, o índice foi de 41,3%. A média da Rede Federal foi de 45,4%.

Diagnóstico Qualitativo

Para a realização deste diagnóstico, foi realizado um levantamento documental de 145 notícias, 33 páginas institucionais, 164 documentos e entrevistas com servidores de todas as instituições da Rede Federal. A apresentação do diagnóstico foi dividida em eixos temáticos.

Ingresso:

• As instituições têm departamentos responsáveis e páginas específicas para o ingresso de estudantes;
• São realizadas atividades de visitação às unidades e acolhimento de estudantes durante processos de inscrição e matrícula (ainda que sejam realizadas online);
• São utilizados critérios de seleção variados. A maioria utiliza prova para os técnicos integrados. Apenas o IFFar e o IFSul não cobram taxas de inscrição em todas as modalidades;
• A UFSC, o IFSC e o IFC realizam um vestibular unificado.

Ações Afirmativas:

• Todas as instituições aplicam integralmente a lei de cotas. Algumas destinam um número maior de vagas para ações afirmativas do que o mínimo exigido;
• O IFPR criou cota específica para estudantes dos cursos do Partiu IF;
• As instituições possuem setores nas reitorias e núcleos nos campi, como o NAPNE, o NEAPE e o Nugea;
• Algumas práticas destacadas são as salas de amamentação e fraldários (IFRS) e os projetos e programas sobre dignidade menstrual (IFRS, IFFar, IFSC);
• Há fragilidade em relação à contratação de profissionais e recursos orçamentários.

Assistência Estudantil:

• As principais frentes de atuação das instituições incluem concessão de auxílios, atendimento de equipes multiprofissionais, moradia estudantil, alimentação e prevenção de violências e assédios;
• A reserva de 5% do orçamento de custeio nos campi e na reitoria para complementar o PNAES no IFFar foi apontada como uma das boas práticas;
• Entre os desafios estão o orçamento para auxílios e alimentação, a insuficiência de códigos de vaga para profissionais atuarem na área e a necessidade de subsídio para garantir transporte escolar.

Também foram apresentados dados relacionados aos eixos Qualificação da aprendizagem e Relação com a comunidade. Confira a apresentação completa na gravação do evento, disponível no Youtube da WebTV do IFFar.

Secom