Provocações sobre juventude e habilidades
Às vésperas do Dia Mundial das Habilidades dos jovens, o IFFar apresenta um texto da professora Fernanda Machado, Coordenadora de Ações Inclusivas, que nos convida a refletir sobre o significado desta data.
O dia 15 de julho foi instituído pela ONU como Dia Mundial das Habilidades dos Jovens e definido pelo CONIF como parte dos calendários dos Institutos Federais. Essa data convoca-nos a (re) pensar o que entendemos como "habilidades". O que significa ser "hábil"?
A noção de habilidade (que vem do latim habilis e significa etimologicamente "apto, capaz, competente") não é nova, mas está cada vez mais presente nas discussões sobre educação. Desde Phillippe Perrenoud, passando por Howard Gardner, até os recentes estudos de neurociência, dedicam-se a entender os processos envolvidos na construção das habilidades e competências no mundo contemporâneo.
Diante de um contexto tão complexo, em que a noção de juventude também está em permanente construção, como nós, sujeitos envolvidos com educação compreendemos, narramos e avaliamos o que esses jovens sabem (ou não sabem) fazer? O que entendemos por “saber fazer”?
O que esperamos de nossos estudantes? A partir de quais critérios definimos o "perfil do egresso" nos nossos Projetos Pedagógicos de Cursos? Em outras palavras, o que está em jogo quando elencamos um conjunto de habilidades a ser construído no percurso de formação destes sujeitos?
Como reagimos às habilidades consideradas “não acadêmicas”, trazidas de outros entornos educativos por nossos estudantes? E como reagimos àquelas habilidades de alto nível apresentadas por nossos estudantes, impactando nossos próprios níveis de saber? E ainda: como equalizamos as habilidades que estão no nosso hall de expectativas com aquelas que o estudante consegue construir a seu próprio modo, de acordo com as suas condições de aprendizagem, seu enredo familiar e sua escolarização anterior?
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Nº 9394/96) já indica que os aspectos qualitativos devem se sobressair aos quantitativos nas avaliações de “rendimento” de estudantes, mas como lidamos com isso numa sociedade que quantifica e nivela obsessivamente tudo o que envolve a vida humana, especialmente a aprendizagem? Se o referencial econômico é o que rege boa parte das relações atualmente, que fazemos nós para incentivar habilidades mais cooperativas e menos competitivas nos nossos jovens?
Estamos dispostos a pensar sobre isso?
Professora Dra. Fernanda de Camargo Machado - Campus Alegrete
Coordenadora de Ações Inclusivas - Pró-reitoria de Ensino do IFFar
Redes Sociais