Atividades da Semana da Consciência Negra
Nos dias 19 e 20 de novembro, a comunidade escolar e acadêmica do Instituto Federal Farroupilha – Campus São Vicente do Sul pode conferir atividades relacionadas à Semana da Consciência Negra, buscando refletir sobre problemáticas e lutas da população afro brasileira.
Na terça-feira, 19, houve, nos turnos tarde e noite, palestra sobre políticas públicas para uma educação antirracista, com João Heitor Silva Macedo, doutor em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da UFSM com Tese em Cultura, Educação e Ensino de História para o combate ao racismo. Além de apresentar os antecedentes históricos que criaram o mito da democracia racial brasileira, ele apontou – começando com o marco legal que é a lei nº 10.639/03 - a evolução de diretrizes e avanços que marcam as esferas governamentais para a educação das relações étnico-raciais. O objetivo maior de João Heitor foi apontar os mecanismos existentes no cenário brasileiro atual para que o movimento negro possa se apropriar e fortalecer sua luta por igualdade racial.
Na abertura oficial do evento, houve a apresentação “Negro sim, negro somos!”, que é baseada na peça “Negra Sou”, do Grupo Cabe na Sacola e na teatralização do poema “Gritaram-me negra”, da afro peruana Victoria Santa Cruz. Os participantes são todos estudantes das turmas do ensino médio e tiveram orientação da profª Claudia Alves dos Santos.
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Já na manhã de quarta-feira, 20, oficialmente o Dia Nacional da Consciência Negra, aconteceu palestra sobre laicidade do Estado e religiões afro-brasileiras, com Gilvan Silveira Moraes, mestre em História pela UFSM e Bàbálaòrìsà do Ylê Alaketu Reino Jeje-Ijesá de Odé. Mais do que trazer esclarecimentos sobre muitos aspectos da nossa cultura que possuem influências africanas, Gilvan buscou desmistificar conceitos e tabus acerca da religiosidade africana e afro brasileira, a fim de apontar caminhos que combatam a intolerância religiosa.
Na oportunidade, também houve a estreia da encenação “Teatro afro centrado: A escravidão”, promovido pelo Coletivo Nagô. A proposta do grupo é discorrer sobre três períodos históricos da trajetória do negro: A escravidão, a pós abolição e o negro nos dias atuais. Nesta primeira parte, foi representada: a tradição oral africana através da narrativa das griôs, a vinda da África para o brasil, o trabalho das mulheres escravizadas, a sabedoria para o uso de plantas medicinais, a influência das palavras africanas no Português falado no Brasil e a resistência negra diante da escravidão. Como projeto de extensão, o espetáculo vai percorrer escolas do município.
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A acadêmica Thayná da Silva Souza, da Licenciatura em Ciências Biológicas, considera o evento muito importante, pois dá lugar de fala a pessoas e assuntos que geralmente são silenciados. “Apesar de eventos como esse ocorrerem apenas uma vez ao ano, ainda assim é muito significativo por ter pessoas negras contando sobre suas vivências e experiências”, conclui ela, que também foi uma das apresentadoras.
Sobre a luta em prol do fim do racismo no ambiente acadêmico, Thayná considera essencial recontar, desde o começo, toda a trajetória do negro, deixando de lado a visão eurocêntrica de enxergar o mundo. “Toda a literatura que existe é contada através desse olhar, é como se não existisse pensamento intelectual que não fosse europeu, ou até mesmo antes. Quando conseguirmos ver e contar a história do negro, a partir da visão do negro, conseguiremos sair do lugar”, aponta ela.
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Saiba mais sobre o Coletivo Nagô:
Nasceu da demanda percebida com o grupo focal que participou da pesquisa da dissertação “A representação da mulher negra e a explicitação de sua identidade sociocultural no contexto acadêmico do Instituto Federal Farroupilha – Campus São Vicente do Sul”, da servidora Laís Braga Costa. O coletivo existe desde o 2º semestre de 2018 e, atualmente, tem 12 membros. O grupo se reúne toda quarta-feira, às 17h30min, na biblioteca do campus. O objetivo é partilhar experiências e se fortalecer coletivamente para o enfrentamento do racismo. Negros e negras estão convidadxs a participar!
O Núcleo de Estudos Afro brasileiros e Indígenas existe em cada campi do IFFar e tem a finalidade de implementar as Leis nº 10.639/03 e nº 11.645/08, pautadas na construção da cidadania por meio da valorização da identidade étnico-racial. Suas ações se direcionam para uma educação pluricultural e pluriétnica, de sensibilização da comunidade acadêmica, promoção de projetos de ensino, pesquisa e extensão, fomento a políticas institucionais de acesso, permanência e participação de grupos afro brasileiros e indígenas. Mais informações pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
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