Iniciativa de egressa do IFFar promove formação sobre gênero e equidade
"Do 'azul é de menino e rosa é de menina' até o 'em briga de marido e mulher se mete a colher, sim!'" o slogan do projeto "Discutindo Gênero", do IFFar - Campus São Vicente do Sul, sintetiza o propósito de uma iniciativa que mobiliza estudantes, professores e a comunidade para debates sobre equidade de gênero, diversidade e violência contra a mulher.
Iniciativa integra IFFar, UFSM e comunidade para diálogo sobre equidade de gênero | Foto: Divulgação
Criado em 2023, o projeto foi idealizado por Patrícia Martins, egressa do curso de Licenciatura em Química do IFFar - Campus São Vicente do Sul. A ideia surgiu quando Patrícia ingressou no mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde, na UFSM.
A jovem pesquisadora conta que suas experiências anteriores no IFFar a motivaram a submeter uma proposta de projeto de extensão com a temática de gênero. "Participei de projetos de extensão ao longo da graduação, o PIBID, a Residência Pedagógica e o Projeto Rondon, além de outras iniciativas voltadas à discussão sobre mulheres na ciência e questões de gênero. Em 2023, tive a oportunidade de submeter um projeto de extensão para a Casa Verônica, focado na igualdade de gênero dentro da instituição (UFSM), semelhante ao NUGEDIS do IFFar", relata Patrícia.
No IFFar, o projeto é coordenado pela professora Ediane Wollmann e, na UFSM, pelo professor Phillip Ilha, consolidando mais uma parceria entre as instituições de ensino, haja vista que a professora Wollmann continuou apoiando a ex-aluna e, nesse momento, tornou-se coorientadora de Patrícia em sua proposta de mestrado.
Agenda 2030: Igualdade de Gênero
A iniciativa está alinhada ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 5 - Igualdade de Gênero, da Organização das Nações Unidas (ONU), e busca proporcionar formação continuada para professores da rede pública, gestores escolares e acadêmicos de licenciatura do IFFar e da UFSM.
Para isso, o projeto oferece rodas de conversa, oficinas e cursos de formação continuada, abordando temáticas como gênero, violência contra a mulher e os direitos da comunidade LGBTQIAPN+. Em parceria com a Escola Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, as atividades visam ressignificar práticas pedagógicas e promover o desenvolvimento profissional docente, atendendo às demandas da sociedade e do contexto escolar. "O projeto busca promover empatia e respeito às diferenças, desconstruindo estereótipos e valorizando a diversidade. Criar um espaço seguro para o diálogo dentro da escola é essencial para construirmos um ambiente mais inclusivo e livre de preconceitos", afirma Otávio de Oliveira Severo, estudante do IFFar.
Atividade do projeto promove debate sobre violência de gênero e inclusão na educação. Foto: Divulgação
Dinâmicas e impacto do projeto
As atividades do "Discutindo Gênero" incluem a exibição de curtas, como “Acorda Raimundo, acorda”, além do uso da metodologia ativa Rotação por Estações, que incentiva a reflexão antes da execução das atividades. Debates e dinâmicas interativas também fazem parte da programação, promovendo um espaço seguro para que estudantes e docentes compartilhem vivências e percepções. "Discutir gênero me fez perceber o quanto ainda precisamos levar esses temas para a escola. Muitos jovens desconhecem conceitos básicos, e essa falta de informação pode reforçar preconceitos. Esse projeto é essencial para promover conhecimento e inclusão", destaca Andriele Maier Gaspar, aluna do curso de Ciências Biológicas do IFFar.
Desde sua criação, as ações do projeto já impactaram aproximadamente 520 pessoas, incluindo 220 estudantes da rede pública, 60 professores, 10 técnicos administrativos em educação (TAEs) e 230 membros da comunidade externa. O público abrange desde jovens do ensino fundamental e médio até graduandos, pós-graduandos e docentes do ensino superior. "Participar desse projeto foi fundamental para minha formação como futuro professor. A Biologia não se limita a estudar a vida em seu aspecto técnico, mas também deve abordar as relações sociais. O projeto reforçou a necessidade de uma educação mais inclusiva e respeitosa", acrescenta Welison Lima Proença, também estudante do IFFar.
"O projeto vai além da formação de professores, trabalhando também com jovens, que representam o futuro da nossa sociedade. Venho de um meio onde muitos estereótipos e preconceitos ainda são prevalentes, e, por isso, é extremamente gratificante participar de uma iniciativa que busca refletir sobre essas questões", relata Daniel Bergmeier, estudante de Agronomia na UFSM.
Para Bruna Vargas, egressa do curso de Ciências Biológicas do IFFar e atualmente acadêmica de Gestão Pública no campus São Vicente do Sul, atuar no "Discutindo Gênero" foi uma experiência transformadora. Como ex-bolsista do projeto em 2024 e hoje voluntária, a estudante destaca a importância da extensão universitária. "Acredito que a extensão mude vidas. Estar em contato com escolas da comunidade, conhecer suas realidades e levar o Instituto Federal para perto delas serve como uma ponte onde todos podem ter as mesmas oportunidades", enfatiza Bruna.
Patrícia Martins em uma das atividades do projeto "Discutindo gênero" | Foto: Divulgação
Extensão universitária como ferramenta de transformação
A proposta do "Discutindo Gênero" evidencia a importância da extensão universitária como um instrumento de transformação social e aproximação entre instituições de ensino e a comunidade. "O ambiente escolar não é apenas um local de ensino, mas um espaço de construção social. A forma como abordamos as relações de gênero impacta diretamente a formação cidadã dos estudantes", reforça Laura Soares Martins, discente do IFFar.
Para 2025, Patrícia Martins acredita que uma nova etapa se iniciará com sua aprovação no doutorado. "No próximo ano, esperamos contar com um número ainda maior de participantes - não apenas professores, bolsistas e eu, mas também um público ampliado. Isso nos permitirá um diálogo mais abrangente e enriquecedor sobre a temática, possibilitando debates mais profundos e inclusivos", comenta a egressa.
Se você se interessou pelo projeto, pode acompanhar as ações no Instagram.
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